CARNEIRINHOS PARA MINHA INSÔNIA
Chove ruidosamente.
A chuva disfarça as lágrimas
que eu não deixo mais cair.
Nos braços da noite
de mais um sábado abandonado,
vou contando carneirinhos
para minha insônia dormir.
Chove denso,
com tom fúnebre de trovões
orquestrando letras ocas
para gravarem meu epitáfio
em pedra mármore enregelada.
Morre-me
na presença do agora,
mais outra vez adiada,
a esperança de quem sabe um dia.
A chuva chegou tarde.
Outra vez, tarde demais!
A vida era um faz-de-conta
que alguém escreveu por engano,
num momento úmido de melancolia.
Lilly Araújo