domingo, 26 de novembro de 2017

CARNEIRINHOS PARA MINHA INSÔNIA

CARNEIRINHOS PARA MINHA INSÔNIA

Chove ruidosamente.
A chuva disfarça as lágrimas
que eu não deixo mais cair.
Nos braços da noite
de mais um sábado abandonado,
vou contando carneirinhos
para minha insônia dormir.

Chove denso,
com tom fúnebre de trovões
orquestrando letras ocas
para gravarem meu epitáfio
em pedra mármore enregelada.

Morre-me
na presença do agora,
mais outra vez adiada,
a esperança de quem sabe um dia.

A chuva chegou tarde.
Outra vez, tarde demais!
A vida era um faz-de-conta
que alguém escreveu por engano,
num momento úmido de melancolia.

Lilly Araújo

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Melancolia

Não sei se sei cuidar da minha alma. Único bem que tenho que é transcendental a essa vida efêmera.
TEMPUS FUGIT. CARPE DIEM!
E mesmo com todos os alertas na língua erudita, eu não posso obedecer.
Afogo minha alma em melancolia, irrigo suas veias em todo meu estado líquido e denso, intermitente e confuso. Quando não o faço,  não sou mais eu e não me reconheço. Perturbo aos que suportam minha presença com meu mutante humor; ora riso, ora pranto, ora extravagância, ora mudo/surdo/daltônico.
Volto a escrever inutilmente apenas para não ter que verbalizar minha dores banais. Poupo os ouvidos daqueles que não precisam me ouvir, ao mesmo tempo que poluo as vistas daqueles que ousam ler esse amontoado de coisa alguma.
Quero um bosque só pra mim, e mergulhar todos os dias no Walden. Invejo Thoreau! Sou covarde demais para largar tudo (o que nem tenho) e me entregar para o que realmente necessito.
Como eu disse: - Não sei cuidar da minha alma! - E sigo mergulhando-a em melancolia, enquanto sonho arco-íris desbotados na minha retina que descolou-se no último golpe do destino.

Lilly Araújo - 24/11/17
10:10h

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