quinta-feira, 27 de julho de 2017

Fragmentada


Fragmentada

O relógio quer que eu acompanhe seus ponteiros,
os teclados insistem para que eu os acaricie,
a música murmura segredos que não quero entender,
eu só quero deitar e esquecer.

Todos querem um pedaço de mim!
O cão abanando o rabo;
o pés da mãe que pedem massagem, exaustos;
o agente de saúde que finge fiscalizar se há água parada
para combater do mosquito da dengue,
mas que no fundo, assim como eu,
quer apenas agitar suas próprias águas paradas:
— As da alma!

Todos querem um pedaço de mim!
E eu já estou tão nada,
que não me sobra causa alguma para lutar.
Transformo-me em riso branqueado à força,
só para sorrir para o público da vez.

Não sei qual parte de mim está mais insossa,
porque eu-aos-pedaços
não caibo em nenhum espaço,
em nenhum abraço...

E todos continuam a exigir de mim.
Quisera eu evaporar no espaço,
e negar a todos o que todos me negam:
— dar-me de si mesmos um pedaço!

Lilly Araújo – 26/07/17
20:50h

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