quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Décimo segundo andar

 
Décimo segundo andar

No vão entre a saudade e o décimo segundo andar,
eu me despenco em busca de algo que nunca saberei,
e me destroço no percurso da queda,
desfazendo-me em mil pedaços de carnes
apodrecidas  por cada dor sentida.

No vão que me convida todo dia,
com som de flauta doce a encantar-me os ouvidos,
com o tom hipnótico como de lábios de sereias,
eu me deixo levar e salto sem vontades de ficar.

E no caminho da queda,
a ventania me lambe por inteira,
e gozo em espasmos que nunca senti...
É o prazer que busquei por toda existência!

No átimo entre a queda e o paraíso,
eu desperto outra vez,
e desse sonho resta-me apenas isso:
— saudades do além, do que não é,
do que não sei que quero, mas quero!

Resta-me também a doçura de odores
liquefeitos no ar, desse prazer inominável
que é deixar-se seduzir
pelo vão do décimo segundo andar
e apenas saltar.

Lilly Araújo- 29/09/16
09:14h

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