terça-feira, 28 de junho de 2016

O que eu quero



 
O que eu quero

A minha nudez nessa terra,
é  para olhos do poeta.
Essa carne. Esse corpo. Essa embalagem
em que me arrasto sobre duas pernas,
que sucumba à vontade de minha alma eterna.

Eu só quero poesia,
servida no prato do orgasmo impenetrável.
E o que eu quero é muito mais
do que aquilo que desejam os meros mortais.

Eu quero usar minhas asas,
e contorcer-me boca, espinha, olhos,
dorso, pele, vulva e todo o coração,
juntos e ao mesmo tempo,
numa dança de deuses e semideuses,
no alto do Monte do Olimpo em devoção.

Não quero sexo!
Não necessito desse ato mecânico
de produzir sinapses e hormônios.
Quero mais que corpos numa dança assimétrica,
numa carona em beira de estrada.

Eu quero é velejar em mares profundos,
entranhar-me no coração dos oceanos não navegados,
conhecer Netuno e brincar com a Pequena Sereia,
colher pérolas negras direto da ostra,
dependurar na minha cintura circunflexa
que quer brincar de ser mulher na hora exata.

Eu quero fazer amor com amor, e mais nada!

Quando ao amor convier me querer,
e acaso ele venha me escolher,
serei dele e ele meu, de mãos e almas dadas.
Mas caso nunca nos encontremos,
nessas curvas da vida tão despropositada,
eu me alentarei nos braços das palavras.

Serei fiel às minhas asas,
que precisam voar ao encontro do infinito,
ao acenar do vento que para mim sorri,
e abana sua saia de paixão alaranjada,
que levanta vez ou outra,
mostrando suas partes despudoradas.

O que eu quero é mais que coito afoito,
e carne com gosto de carne.
— E por que eu haveria de querer?

Tenho uma alma antiga!
Sim, eu sei que a tenho,
ria quem quiser, mas eu sou isto,
e isto me torno mais forte a cada dia.
E isto irei de morrer.
Para no fim, encontrar minha real alegria,
que é voar todos o dias nas asas surreais da poesia.

Lilly Araújo – 28/06/16
00:20

domingo, 26 de junho de 2016

Contrariando a velha escola



 
Contrariando a velha escola

De acordo com a ‘velha escola’ em que fui educada, era para eu estar me sentindo frustrada nesse exato momento, mas eu não estou.
É domingo, sou uma mulher que já passou dos 30 (há algum tempinho, rsss), e não tenho filhos, ou marido, ou casa própria; também não tenho mais carro, e outros luxos capitais; e para falar a verdade, minha situação atual é que voltei para casa da mamãe há pouco mais de um ano; eu, minhas duas ‘filhotas cachorrescas’ e algumas de minhas plantas; ah, também minhas caixas e caixas de livros, para tumultuar o ambiente.
Meu ‘status facebokeano’ é single, já faz muito muito tempo. Era para eu estar me sentindo incompleta segundo a velha escola, mas desculpe-me, eu não estou!
Já me senti solitária tantas vezes enquanto arrastava uma relação insatisfatória, por assim dizer, e hoje, na contramão de tudo, me vejo sendo amada por um amor especial e diferente dos da velha escola também. Ultimamente ando cercada de mimos da vida, advindos de corações amorosos e gentis.
Desculpe-me, coração melancólico e poeta aí dentro, mas hoje estou apenas feliz!

Lilly Araújo – 26/06/16
[08:55h] - Diário de Lilly

terça-feira, 21 de junho de 2016

As regras



 
As regras

No meu mundo (que é também meu paraíso) o amor nunca precisará de contratos ou juras. Jamais duas pessoas se apresentarão diante de um juiz de paz, ou de testemunhas para jurar algo que está além do alcance de palavras ou juras. Porque, para mim, o amor está além de suspeições, ou imagens que o delimitem, ou juras que acabem mentindo, porque o amor não se alimenta de promessas, ele só alimenta de si mesmo.
No meu mundo, eu jamais assinarei um contrato que não seja o contrato diário que se assina com tinta de beijos quentes e desejos rubros.
Lá no meu mundo existem poucas regras, mas são regras tão desobrigadas que a gente faz mesmo se não nos obrigassem, porque são regras ‘de se ser livre’, e permanecer assim, desobrigado de quase tudo. Por exemplo: no meu mundo é proibido algemas! Porque o amor é livre e leve e de asas azuis, da cor do céu e do infinito.
No meu mundo tudo é mais bonito. Porque ninguém se obriga a nada, a não ser a verdadeiramente ser o que se deseja ser. Assim, puro e simples, e em sua totalidade. Sem máscaras, sem imposições sem obrigações sociais.
No meu mundo só vale amar e nada mais.

Lilly Araújo – 21/06/16
[18:27h]

Memória



Memória

Não me esqueças!
Essa é a única súplica
que chegará aos teus olhos
e aos teus ouvidos agora.

É que não creio em amor suplicado,
senão eu o faria sem titubear.
Não me apagues de vez da tua memória,
somente me deixa ficar...

Deixa-me morar nas tuas sinapses antigas,
deixa que eu fique reverberando
como uma doce canção amiga.

Apenas permitas que eu seja um átimo
de esperança de que o amor não
se acaba, mas se transubstancia...

Que não seja minha imagem para ti
apenas um cigarro queimado,
um guimba na calçada,
uma fumaça esvaída.

Deixa que eu me acumule em átomos ínfimos,
que um dia foram sorrisos nos teus lábios.

Não quero nada. Não peço nada.
Não te devoro. Não te procuro na enseada.
Não te devoro. Não exaspero.
Não te imploro. E nada espero.

Mas é que preciso de um lugar para morar,
e na tua memória é um bom lugar,
é o meu paraíso inventado, onde
tudo pode ser algodão-doce e pé de maçã.

Mas se desejas e precisas mesmo me esquecer,
então te peço que esperes até amanhã!


Lilly Araújo – 21/06/16
 [12:00h]  


segunda-feira, 20 de junho de 2016

Retornar



 
Retornar

Preciso de uma passagem só de ida.
Eu não quero voltar!
Nunca quis estar aqui mesmo.
Creio que foi um pequeno erro de percurso.
Não me Sou nesse mundo.
Eu sei que sou de um lugar onde tenho asas,
meu bem,  sinto falta de voar todos os dias!
Todos os dias!
Dias pesados por essa gravidade onde sucumbo,
Preciso voar, e retornar ao meu mundo.

Lilly Araújo 19/06/16
22:10h
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