terça-feira, 23 de junho de 2015

Você não entendeu o meu amor




Você não entendeu o meu amor…
Ele é daqueles que se calam
ao seu passar, para que não
perturbe nenhum de seus passos.

Você não entendeu, eu acho,
que ele é forte e gritante,
mas também é delicado como a brisa
e sussurrante como o leito
de dois amantes…

Ah!!! Você não entendeu.
(É o que temo).

Porque esse amor meu
é o vulcão mais ardente
e o pôr-do-sol mais sereno…
É o vaguear entre a noite mais fria
e o amanhecer mais ameno.

Você não entendeu o meu amor!
E não devo te culpar jamais.

Quem entenderia as estrelas cadentes,
que por querer se jogam dos céus?
Ou a mariposa a se debater
contra a luz até a morte?
Quem explicaria o obstinado
“caminheiro no deserto”, sempre a espera.
de um oásis, jogado à própria sorte?
Ou o solitário que vive em meio à multidão…

Quem há de entender
tanta coisa por aí sem explicação??

Você não entendeu o meu amor,
porque ele é mesmo assim,
— paradoxo, complexo e antítese de si.

Ele é, e sobrevive dentro de mim,
de um modo que não espera nada
que já não tenha recebido de suas mãos.
Mas ainda assim aguarda…
— Incólume, imutável e crescente…

Esse amor é um daqueles,
que só dá uma vez na gente!


# Lilly Araújo

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poema: História do Café


Eu me lembro muito bem,
das mãos enrugadas, das costas
encurvadas e os olhos anuviados
dos pais de minha avó,
fitando os grãos com a esperança
de um futuro melhor.

Eu me lembro dos panos,
dos sacos de linho grosseiro,
embaraçando-se uns aos outros,
frenéticos, aguardando a sua vez
de receber cada grão dentro de si,
para então completar o seu destino.

Eu me lembro das mãos
santas de minha mãe,
não tão enrugadas,
pegando a colheita já processada,
do grão agora pó,
e uni-lo à água fervente,
transformando-os em um só,
nesse matrimônio matinal e frequente.

Eu me lembro,
todos os dias,
que da labuta no plantio,
cheia de histórias e vida
e esperança e fé...
Chega às minhas mãos,
todos os dias,
uma xícara quente de café.

#Lilly Araújo 17\06\15

terça-feira, 16 de junho de 2015

Receita de croutons



Sobraram aquelas fatias de pão de forma, você sabe que ninguém mais irá comer... Jogar fora? Que desperdício, corte em quadradinhos regue com um fio de azeite e polvilhe orégano e gergelim, leve para o forno elétrico ou convencional até que doure e  pronto... croutons para acompanhar os caldos de inverno.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Encarnação da Saudade



Se saudade tivesse cheiro,
seria como o cheio de café,
aquele aroma matinal que
nos convida ao abandono da cama,
desafia a letargia e nos permite sonhar acordados,
desfilando entre o faz-de-conta e o palpável.

Se saudade tivesse gosto,
seria como o gosto de café,
que mesmo amargo ao paladar,
ainda assim é bem-vindo, como
o símbolo do estar vivo!

Se saudade tivesse cor,
seria a cor do café,
essa escuridão que fica
quando alguém parte da gente
e se esquece de voltar.
Esse breu que se estabelece e
paira no ar como noite enevoada.

Se saudade tivesse rosto,
seria o seu rosto e mais nada!
Trazendo aquele sorriso estampado na face
quando levantávamos do amor,
e ainda com amor no olhar,
íamos tomar o café que era só nosso!

Lilly Araújo. 03\06\15


Matinal


Matinal

É outono ainda,
uma nova frente fria
torna meu dia preguiçoso.
Revolvo debaixo do edredom
sem coragem para levantar.

O café, já posto,
esfria sobre a mesa...
O cheiro invade o ambiente,
Há muitas memórias no ar!!

Meus poros estão todos eriçados.
Faz frio aqui dentro!
Lembro-me de quando eram outros
os motivos dos arrepios...

O café ainda está
no mesmo lugar. Abandonado!
Me demoro sobre a cama
em devaneios do passado...

Então, me aqueço sob os panos,
com toda a invasão ilusória
do seu toque,
e me deixo ficar mais um pouco...

O café pode esperar!!
— Eu não.

Lilly Araújo. 11\06\15

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