quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Sempre


Sempre

Nada dura para sempre!
E inconformar-se
por qualquer coisa da vida
é desgastar-se debalde.

Nada permanece constante,
ou incólume.
E as ondas que desmancham
os castelos de areia,
levando consigo os sonhos infantis,
e as inocências pueris,
é a mesma que estabelece a marca
do ferro em brasa
da experiência do se perder...
do se refazer... e o se reerguer
queda após queda,
como sempre será a vida.

—Mas nada é para sempre!

Nada dura para sempre.
Nem o desejo ou a dor,
nem o azar ou a sorte,
nem a lágrima,
ou a morte.


Lilly Araújo23/12/15

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A crença



A crença


Eu creio contra esperança!
Creio com a fé genuína e sem limites
de uma pobre criança.


Creio na contramão dos fatos,
na inexatidão do hoje,
na escuridão do agora,
e no escoar das horas.


Eu creio que de novo será,
um dia desses qualquer.
E que não demora muito,
eu volto a ser mulher...
Porque meu corpo demanda,
meu coração implora,
que seja ontem,
ou que seja agora.


Eu creio,
ainda que não devesse,
e ainda que não soubesse,
porque descrer,
não está no meu cardápio.


Eu creio, 
com toda fome do meu ser,
e te degusto nas minhas lembranças,
e aguço o meu paladar!

Porque te espero 
com toda a esperança,
de outra vez te provar.


Lilly Araújo 14/12/2015


domingo, 13 de dezembro de 2015

Ensaio do sono


Ensaio do sono

Preciso dormir, porque as horas do relógio disparam, e amanhã é outro dia, outra segunda-feira, e apenas uma segunda-feira a mais. Esse dia em que o ritmo frenético das coisas do cotidiano recomeça com todo seu esplendor.
Preciso dormir, porque amanhã o mundo não espera. A vida não espera! Não há nada multicor que supere a frieza dos fatos em “preto e branco”.
Amanhã, é de novo, o novo dia em que, à despeito de todas minhas preces e expectativas, você ainda não chegou. Você, que nunca retornou, seja lá onde for que se ancorou e simplesmente se esqueceu desse porto vazio que ficou a lhe esperar.
Esse “porto” em que me transformei. Um “eu” soturno e sombrio, tomado de limo e vazio, no profundo do cais silencioso que já não é mais, e que somente continua pela incapacidade de simplesmente inexistir.
Preciso dormir, porque a realidade se mistura pouco a pouco com o imaginário, e a essa altura já não difere o que é, o que foi, o que penso ter sido e o medo do que talvez nunca mais torne a ser.
Preciso fechar os olhos e repousar. Desacelerar a respiração e o ofegar. Desconsiderar ansiedade crônica que me dirige os passos do meu caminhar trôpego e inconstante.
Preciso e vou dormir. Agora! Nesse exato momento, e confundir o relógio, o Caos e o Chronos, e entrar no meu mundo de fantasias e mágica, lá, onde tudo é mais e é além. Onde posso brincar de faz-de-conta, e você está também!


Lilly Araújo 13/12/15

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Quebra-cabeça

Quebra-cabeça

Eu varro os cacos de mim,
e me recolho em silêncio
para o reduto que um dia vivi.
Retorno para aonde
deveria ter permanecido.

Eu recolho os cacos de mim
com resignação e só.
E caco por caco, vou
me ajuntando a mim mesma.

Eu me emendo,
como num jogo de quebra-cabeça!


Lilly Araújo 04/12/15

Insosso
















Insosso

Meu corpo caído no sofá,
jogado sem vontades nenhumas,
sem sonhos todos.
ESQUECIDOS, um a um,
durante o balançar dessa
canoa desordenada da vida.

Há cheiro de café no ar,
mas o convite ficou sem graça,
sem cor e sem paladar.

Corpo ainda frouxo
em meio a pensamentos densos.
E o paladar ainda se recusa,
seja ao que for.

E o café amargo é refugado,
assim como sonhos
doces e impossíveis...
O paladar fez greve.
Tudo está apenas insosso.


Lilly Araújo 04/12/15

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Corpo

















Corpo

E a inconformação de ser eu, é apenas essa toda que trago constante, pungente, e sempre presente.
Corpo débil, incapaz de me oferecer o que necessito!
Preciso voar. Bailar entre as rajadas de brisas doces. Pisar entre nuvens e brincar de ser anjo...
Preciso respirar o ar das montanhas mais altas e pousar nos picos neblinados de brumas brancas e um pouco de gelo pra me fazer sorrir, nessa mesma brancura.
Corpo débil. Incapacitante. Âncora de minha alma e espírito livres!
Preciso olhar o mar ou um lago profundo e cristalino, de um azul perfeito e sereno, e me entregar a seus braços e me deixar levar em suas profundezas. E sentir sobre mim o peso de cada metro de profundidade me excitar em cada nova descoberta...
Corpo débil!
Esse ar que me falta... Esse peso de ser eu.
Eu nesse CORPO.


Lilly Araújo 03/12/15

domingo, 22 de novembro de 2015

Duende


Duende

Não cantes para mim este gorjeio matinal.
Não entones a doce canção,
daqueles que seduzem,
que se insinuam
e que  querem além...

Não me percebas hoje,
me ignores apenas,
e me esqueças de vez.
Será melhor assim.

Porque se te aproximas,
hoje não sou fada,
sou duende corrompido.
Daqueles que devoram o cupido.

E se te arriscas a aproximar-te,
te aviso, como amiga que sou,
te devoro sem dó, sem piedade
e sem amor!

#Lilly Araújo 22/11/2015 11:25h

Café egoísta


Café egoísta

Um café forte,
denso e amargo para meus dias.
Um café ao meu paladar,
e de mais ninguém.

Meu gosto!!
Sem vontades alheias,
sem palpites, ou porquês.
Ninguém a agradar
além de mim mesma.
E apenas isso!

Meu café.
Todo meu,
e meu apenas!
Sem ter que dividir por aí.
A recusa pungente de compartilhar.

No café eu sou egoísta!
No amor também.


#Lilly Araújo 22/11/15

sábado, 21 de novembro de 2015

Hoje estou


















Hoje estou

Estou espinho hoje,
e não rosa.
Estou dentes,
e não riso.

Hoje estou lágrimas,
secas, úmidas,
caladas, e murmurantes.
Hoje estou como ontem,
e como nunca antes...

Estou escuro,
e não somente noite.
Estou eclipse,
e não lua.

Estou trovão,
e não chuva.
Estou espirros, soluços
e saudades intrusas
de um sentimento insano.

Hoje estou!
Sem querer estar.
Sem querer ficar.
Apenas continuando!


Lilly Araújo 21/11/15

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Lua Eclipsada



Lua eclipsada

É noite alta,
a lua me observa silenciosa e pálida,
inquire de mim coisas que não
posso responder.
Não quero, não saberia...

E ela continua ali,
com seu olhar gélido e penetrante.
O que ela espera de mim, afinal?

Essa lua redonda,
perfeita, imponente, se dizendo rainha da noite
e madrinha dos amantes...

Não tenho nada pra você!
Hoje não comporei versos apaixonados,
não suspirarei ao seu brilhar.
Hoje não me resta mais que vazio e silêncio.
Hoje eu sou eclipse do seu luar.

27\09\15 Lillly Araújo

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Diálogo

 
— Quem é esse deus que lhe consome,  a ponto de você se fechar assim?
— Não é um deus... é somente um homem. Mas é que eu nunca havia experimentado um!
 
#Lilly Araújo 15\07\15
 

terça-feira, 23 de junho de 2015

Você não entendeu o meu amor




Você não entendeu o meu amor…
Ele é daqueles que se calam
ao seu passar, para que não
perturbe nenhum de seus passos.

Você não entendeu, eu acho,
que ele é forte e gritante,
mas também é delicado como a brisa
e sussurrante como o leito
de dois amantes…

Ah!!! Você não entendeu.
(É o que temo).

Porque esse amor meu
é o vulcão mais ardente
e o pôr-do-sol mais sereno…
É o vaguear entre a noite mais fria
e o amanhecer mais ameno.

Você não entendeu o meu amor!
E não devo te culpar jamais.

Quem entenderia as estrelas cadentes,
que por querer se jogam dos céus?
Ou a mariposa a se debater
contra a luz até a morte?
Quem explicaria o obstinado
“caminheiro no deserto”, sempre a espera.
de um oásis, jogado à própria sorte?
Ou o solitário que vive em meio à multidão…

Quem há de entender
tanta coisa por aí sem explicação??

Você não entendeu o meu amor,
porque ele é mesmo assim,
— paradoxo, complexo e antítese de si.

Ele é, e sobrevive dentro de mim,
de um modo que não espera nada
que já não tenha recebido de suas mãos.
Mas ainda assim aguarda…
— Incólume, imutável e crescente…

Esse amor é um daqueles,
que só dá uma vez na gente!


# Lilly Araújo

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poema: História do Café


Eu me lembro muito bem,
das mãos enrugadas, das costas
encurvadas e os olhos anuviados
dos pais de minha avó,
fitando os grãos com a esperança
de um futuro melhor.

Eu me lembro dos panos,
dos sacos de linho grosseiro,
embaraçando-se uns aos outros,
frenéticos, aguardando a sua vez
de receber cada grão dentro de si,
para então completar o seu destino.

Eu me lembro das mãos
santas de minha mãe,
não tão enrugadas,
pegando a colheita já processada,
do grão agora pó,
e uni-lo à água fervente,
transformando-os em um só,
nesse matrimônio matinal e frequente.

Eu me lembro,
todos os dias,
que da labuta no plantio,
cheia de histórias e vida
e esperança e fé...
Chega às minhas mãos,
todos os dias,
uma xícara quente de café.

#Lilly Araújo 17\06\15

terça-feira, 16 de junho de 2015

Receita de croutons



Sobraram aquelas fatias de pão de forma, você sabe que ninguém mais irá comer... Jogar fora? Que desperdício, corte em quadradinhos regue com um fio de azeite e polvilhe orégano e gergelim, leve para o forno elétrico ou convencional até que doure e  pronto... croutons para acompanhar os caldos de inverno.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Encarnação da Saudade



Se saudade tivesse cheiro,
seria como o cheio de café,
aquele aroma matinal que
nos convida ao abandono da cama,
desafia a letargia e nos permite sonhar acordados,
desfilando entre o faz-de-conta e o palpável.

Se saudade tivesse gosto,
seria como o gosto de café,
que mesmo amargo ao paladar,
ainda assim é bem-vindo, como
o símbolo do estar vivo!

Se saudade tivesse cor,
seria a cor do café,
essa escuridão que fica
quando alguém parte da gente
e se esquece de voltar.
Esse breu que se estabelece e
paira no ar como noite enevoada.

Se saudade tivesse rosto,
seria o seu rosto e mais nada!
Trazendo aquele sorriso estampado na face
quando levantávamos do amor,
e ainda com amor no olhar,
íamos tomar o café que era só nosso!

Lilly Araújo. 03\06\15


Matinal


Matinal

É outono ainda,
uma nova frente fria
torna meu dia preguiçoso.
Revolvo debaixo do edredom
sem coragem para levantar.

O café, já posto,
esfria sobre a mesa...
O cheiro invade o ambiente,
Há muitas memórias no ar!!

Meus poros estão todos eriçados.
Faz frio aqui dentro!
Lembro-me de quando eram outros
os motivos dos arrepios...

O café ainda está
no mesmo lugar. Abandonado!
Me demoro sobre a cama
em devaneios do passado...

Então, me aqueço sob os panos,
com toda a invasão ilusória
do seu toque,
e me deixo ficar mais um pouco...

O café pode esperar!!
— Eu não.

Lilly Araújo. 11\06\15

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Eu é que sei



Eu é que sei

Eu é que sei o peso silêncio
Quando a multidão se dispersa
Quando os sorrisos amarelam
E as palavras emudecem.

Eu é que sei a cor desbotada que resta
Quando a luz dos holofotes
Se apagam depois da festa.

Só eu resto!
Só eu fico!
Só eu me carrego para casa
No fim de tudo...

Eu é que sei o frio do leito
Que aguarda toda noite eu retornar,
E o gosto amargo de cada insônia
Que vem me visitar...

Eu e que sei das dores
De ser essa intensidade de mulher,
Aliás, "nós" sabemos:
– Eu e o pobre café!

#Lilly Araújo. 28/05/15














quinta-feira, 28 de maio de 2015

O café que não veio



O café que sempre sonhei
agora vai ficar em bule qualquer
esfriando…
sem calor, sem toque, e esquecido
de todo gesto de carinho.

O café que por tantos meses planejamos
vai ficar assim,
como uma carta que o correio estornou,
como um poema amassado no fundo de uma gaveta,
como tantos outros projetos que acabam descendo
ao túmulo sem nunca virem à luz do dia.

O café que tanto desejei,
vai ficar assim,
como um aborto,
ou um natimorto,
porque nem sempre se pode plantar e colher.

O “nosso” café, nunca chegará
a ser ‘nosso’,
porque temos medo…
Temos medo.

E essa é toda explicação.


Lilly Araújo

segunda-feira, 6 de abril de 2015

É bom amar!



É bom amar!

É bom tocar e ser tocada pelo próximo, principalmente quando o próximo é verdadeiro e gentil contigo em todo tempo (são casos raros).

Bom, nesse cenário, o afastamento ou rompimento do vínculo afetivo parece ser ainda mais penoso, mas as sensações diferem muito das que experimentei no decorrer da vida até o presente momento. Então, apesar da inconformação, das saudades, da abstinência daquele carinho específico e do olhar e cheiros particulares e ímpares... fica ainda questões do tipo: - onde foi que errei??

Mas o balanço geral é: - Que é bom amar e ser amada, seja na proporção que for, desde que seja pra valer.

Essa reflexão nasceu de um momento muito peculiar que estou passando, e a cada dia tenho experimentado novas coisas em minha vida, tenho estado mais aberta a novas experiências, assim como tenho estado mais otimista em relação à vida.

Em um envolvimento recente pude notar que a gente, depois de uma certa idade, acaba revendo muitos conceitos e atitudes, e se estiver disposta, acaba encontrando gente nova, gente UP!

Se despedir de um relacionamento onde sua química e expectativas gerais estão sendo supridas é um rombo enorme com certeza, e pude experimentar isso na pele. Mas quando tudo é às claras, e você percebe que as coisas só tomaram caminhos diferentes do que esperava, então a sua DIGNIDADE não é rompida, não há porque se sentir violada, enganada ou coisas do gênero... Então fica uma enorme gratidão pela passagem dessa pessoa na sua vida, que só lhe acrescentou risadas e momentos mágicos.


Por isso, apesar dos pesares, minha conclusão é que a dor sempre está à espreita, MAS AMAR AINDA VALE À PENA!

#LillyAraújo

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Tempestade



A tempestade!

Acho que nunca passei por um período onde a tempestade atingisse todas as áreas da minha vida de uma só vez.
Perdi tanta coisa de um tempo pra cá, que me sinto prima de Jó, o personagem bíblico. (nem tanto, talvez um parente bem distante, com a diferença que ele não merecia nada do que lhe sucedeu, já eu,... Rsss)
Tive que me refazer! Aceitar coisas antes impensáveis, recuar... Avançar outras vezes em áreas onde era totalmente amedrontada... Retroceder em conquistas antes alcançadas, mas tudo com o propósito de enfim me firmar em bases sólidas.
Esse é o período de maior tempestade em minha vida, sem dúvida! Mas é o período melhor de minha vida também!
Estou revirada, sentindo falta de tanta coisa, tendo que me despedir de tantas outras... mas nunca estive tão esperançosa e serena. Deus tem sido a voz de ternura em meio a tudo.
Estou me reconstruindo e sei que o melhor de DEUS ainda está por vir.
Ainda choro muitas vezes... Ainda sinto medo da solidão no meio da madrugada, outras tantas. No frio, sinto falta de uma conchinha e de me agasalhar num peito aconchegante, sinto desejos de mulher...
Mas Deus... Ah! Ele tem amenizado toda dor, e renovado promessas e esperanças dia após dia. Tenho vivido sinais e milagres como no Antigo Testamento, e digo uma coisa: — Quando a coisa aperta, o MAR VERMELHO se abre. e a TEMPESTADE, essa simplesmente se cala!

#LillyAraújo 03-04-15
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